quarta-feira, 22 de abril de 2015

Flash Urbano nº 11 - Noite de sexta

Ela jogou-se na cama aos prantos, abraçando dois travesseiros. Ela os apertava com força, como se pudesse deles extrair a dor que sentia. Não havia mais nada além daquele sentimento puro. Não repetia em sua mente o que a havia conduzido àquela situação. Sorvia aquele momento como se fosse um prazer. Os carros não buzinavam mais, os vizinhos não ouviam música alta depois das 22h. Seu filho pequeno não chorava. Não chovia, não trovejava. Nada mais havia. Em um movimento brusco, virou de costas e fitou a luminária. Ainda soluçava. Nunca gostara daquela luminária. Não tinha sido barata e ele que escolheu. Amanhã procuraria outra.  Buzinou um carro impaciente.  22:30. Horário do caminhão de lixo. Os vizinhos ouvem Bon Jovi. Seu filho dormiu. Parou de chover.  Ligou a Tv. Novela. Perfeito. Chocolate na segunda gaveta. Ainda há esperança.

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