sábado, 29 de agosto de 2015

Flash Urbano número 13 - bandeira

      Ainda tinha mais a dizer. Impressões a compartilhar. Compartilhavam um humor espirituoso quase debochado que havia se tornado uma marca. Qualquer assunto, qualquer notícia poderia se encaixar nessa linguagem que haviam criado. Mas não havia sentido, aquela porta havia se fechado.  Continuar enviando mensagens pelo celular parecia parecia prolongar o sofrimento antes de uma morte certa.  Mas a saudade continuava incomodando. Chegara a escrever uma carta a mão, que nunca chegaria a enviar. Não tinha coragem nem raiva suficiente para destruí-la. Ela repousava como um fóssil dentro do caderno. As três versões do manuscrito.  Parecia ridículo. Havia aberto seu coração e compartilhado seus sentimentos de um jeito que não fazia há vários anos. Não havia volta , destruíra seu personagem de misterioso. Agora era o apaixonado rejeitado que balbuciava boleros que não sabia a letra.
      Ela ainda fraquejava. Havia optado por impulso o fim por telefone. Tinha medo de vê-lo, medo de ouvir sua voz. Havia tanto por fazer. Viajar para a Europa, dançar, ir à praia. Casar, ter filhos, tudo que protelara em prol da carreira e de que tanto ouvia falar. Precisava saber como era. Ele não se encaixava nos seus planos. Muitos reajustes. Não, tudo devia ser como havia planejado, se não seria errado. Mas volta e meia ainda se lembrava dele e seus lábios se abriam ao deixar sair um suspiro discreto em frente ao computador.



Nenhum comentário:

Postar um comentário