quinta-feira, 10 de julho de 2014

flash urbano n.8 - uma noite daquelas

     O Artista agora estava bem trincado e o queixo começava a ruminar feito um camelo. Já havia passado a fase falante, agora os olhos arregalados fitavam o teto. Um traço de luz surgia no horizonte, hora de fechar a cortina.  Seu companheiro de noitada olhava obsessivamente para o olho mágico, pressionando a pança na porta. Esquerda e direita, esquerda e direita. Na televisão, Law & Order.
De repente o Artista emerge de seu silêncio e pergunta:
-Acabou.
-Skol?
-Não.
-Putz...
-Eu sei quem tem.  - Tateou freneticamente na mesa de cabeceira até achar o telefone, enquanto trocava de canal. Parou em uma reprise de futebol. Copa do Mundo. O Massacre.
-Que merda, hein?  - e deu uma camelada com o queixo pra lá e pra cá, digitando o número.
-Pois é, nego. Deu ruim... - e voltou para o olho mágico.
-Alô? Betinho?


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